Sprinthall,N. A. & Sprinthall, R.C. (1993). Psicologia Educacional Uma abordagem Desenvolvimentista. Lisboa: McGraW-Hill
quarta-feira, 3 de março de 2010
Freud
Sigmund Schlomo Freud (1856-1939) foi um médico neurologista fundador da psicanálise. Nasceu em Freiberg, Morávia (hoje Příbor), quando esta pertencia ao Império Austríaco.
Freud interessou-se principalmente pelas questões do inconsciente que motivam o comportamento humano. Segundo este pensador, é nos primeiros anos de vida que se forma a personalidade dos seres humanos quando os impulsos biológicos inatos ligados às pulsões entram em conflito com as regras e exigências da sociedade. Estes conflitos acontecem segundo uma sequência de etapas baseadas na maturação do desenvolvimento psicossexual. Freud considerou os primeiros anos de vida como sendo cruciais no desenvolvimento da personalidade. Sugeriu que o facto de as crianças receberem muita ou pouca gratificação em qualquer uma destas fases pode levar ao risco de fixação – uma paragem no desenvolvimento.
Freud propôs três hipotéticas instâncias da personalidade: o id, o ego e o super-ego. O id é o reservatório inconsciente das pulsões, as quais estão sempre activas. Regido pelo princípio do prazer, o id exige satisfação imediata desses impulsos. O ego evoluiu do id mas funciona principalmente a nível consciente e pré-consciente. Dirigido pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do id, logo que encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos. O super-ego, apenas parcialmente consciente, é como um “controlador” das funções do ego, tendo em conta os valores pessoais e sociais fonte dos sentimentos de culpa e medo de punição.
Segundo Freud o Ego tem mecanismos de defesa, ou seja estratégias inconscientes de resolução de conflitos, ansiedades, impulsos agressivos não solucionados ao nível da consciência. Recalcamento é um mecanismo de defesa do ego que consiste em afastar uma determinada coisa do consciente, mantendo-a no inconsciente. Regressão é o retorno a estádios anteriores que provaram ser seguros e gratificantes, para fugir de um presente angustiante. Deslocamento consiste em transferir uma emoção para um objecto mais aceitável. Sublimação é o mecanismo pelo qual a energia inerente a impulsos primitivos ou inaceitáveis é transformada e dirigida a objectivos socialmente úteis. Projecção é a atribuição os sentimentos próprios indesejáveis a outras pessoas. Racionalização é um mecanismo para manter o respeito próprio e evitar o sentimento de culpa, explica uma conduta com uma motivação falsa.
Baseando-se na sua experiência como médico, Freud acreditava que as perturbações emocionais dos indivíduos residiam nas experiências traumáticas reprimidas nos primeiros anos de vida. No entanto, os conteúdos do inconsciente só se manifestam no consciente de forma dissimulada, por exemplo através dos sonhos. No tratamento de muitos dos seus pacientes, desvendou que os distúrbios de natureza hipocondríaca ou histérica estavam relacionados com sentimentos reprimidos com origem em experiências sexuais perturbadoras. O instinto sexual não se apresenta consciente devido à repressão. A revelação dessa repressão inconsciente era obtida pelo método da livre associação e interpretação dos sonhos. Aqui quando se fala em sexualidade não é no sentido restrito, apenas genital, tem um sentido mais amplo, diz respeito a todas as formas de gratificação ou busca do prazer. Esta sexualidade existe no ser humano desde o seu nascimento.
Segundo Freud, a nossa mente consciente não controla todos os nossos comportamentos, pois estes também estão dependentes do nosso inconsciente. Os conflitos entre o consciente e o inconsciente marcam a nossa personalidade e fazem de nós seres únicos e diferentes de todos os outros. Em termos psicanalíticos, podemos dizer que somos o resultado da história da nossa infância.
É no inconsciente que está a chave para a compreensão dos nossos comportamentos.
Fonte: TERRÉ, Jordi, 2008, Freud, Vida, Pensamento e Obra, Colecção grandes Pensadores, Portugal, Edição Planeta De Agostini, S.A. para o jornal PúblicoSprinthall,N. A. & Sprinthall, R.C. (1993). Psicologia Educacional Uma abordagem Desenvolvimentista. Lisboa: McGraW-Hill