domingo, 14 de fevereiro de 2010
Agostinho da Silva – poeta, filósofo, professor e pedagogo…
Agostinho da Silva (1906 – 1994) polémico pedagogo português, empenhou-se desde cedo na fundação de movimentos, escolas e institutos com objectivos pedagógicos. Publicou vários artigos críticos ao meio académico português, principalmente às universidades. Esteve preso devido a conflitos com o Estado Novo e a Igreja Católica, optou por se exilar no Brasil onde participou na fundação de Universidades. Regressa a Portugal em 1969, após alguma abertura política e cultural do regime. Desde aí continuou a escrever e a leccionar em diversas universidades portuguesas. Deixou uma vasta obra, desde poemas, ensaios filosóficos, estudos sobre História, cultura e religião, entre muitos outros.
Agostinho da Silva, tendo sido aluno e também professor na escola tradicional conhecia bem os seus problemas e as suas deficiências, contra as quais lutou e tentou mudar, no entanto as suas acções foram limitadas pelo controlo do poder político. Este pensador tinha claro no seu pensamento e nas actividades que desenvolveu a necessidade de um sistema económico e de políticas governamentais que valorizassem a educação e que esta se empenhasse na construção de cidadãos conscientes e de espírito livre. Alertou para a emergência de mudar as escolas, para que estas não tivessem só a finalidade de instruir, mas principalmente educar. Afirmou que o objectivo do professor é fazer com que os alunos procurem investigar e saberem a razão das coisas. Agostinho da Silva foi um homem que privilegiou sempre o pensamento em detrimento do aprender à força.
Agostinho da Silva interessou-se pela Escola Nova e pelas Pedagogias Libertárias, defendia uma escola aberta à sociedade e centrada nas possibilidades criadoras das crianças. A escola do futuro para ele deverá ser baseada “… numa pedagogia em que fosse a criança o modelo do mestre, e não o contrário.” (Dispersos, p.774). Agostinho da Silva critica este mundo que se tornou mais complexo e menos solidário, onde as famílias são cada vez mais desestruturadas e deixam que os filhos cresçam sozinhos, onde se dá muita importância ao poder económico em detrimento dos valores e da afectividade.
Em toda a sua vida, Agostinho da Silva, defendeu a tolerância e a colaboração entre os homens e os povos. Valorizou a cultura da paz e transmissão de valores como a solidariedade, autonomia e liberdade. Este pedagogo tinha consciência que estes princípios têm que ser alicerçados na formação integral da pessoa humana. Por tudo isto se pode dizer que as ideias de Agostinho da Silva estão cada vez mais actuais e pertinentes.
Fontes:
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros
http://revistalusofonia.wordpress.com
http://www.ensino.eu/2001/ago2001/destaque.